Golem e o Gênio
Bom, já contei várias vezes por aqui que sou super fã de fantasia/ficção e este é, sem dúvida, meu gênero favorito em livros, filmes, séries, ou HQ. Histórias que trafegam por mitologias, folclores, filosofias, religiões, lendas, ou mesmo alguma especulação científica sempre me atraem e lá vou eu mergulhar nesse mundo diferente, viajando na realidade proposta por seus criadores.
Hoje vim falar de um livro que é o primeiro da escritora americana Helene Wecker: Golem e o o Gênio.
Do que se trata?
Golem e o Gênio é um livro que mistura as mitologias árabe e judaica, numa história que se passa em 1899, na cidade de Nova York. Os personagens principais da história são uma Golem e um Gênio (como no título) e você deve estar se perguntando "tá, mas o que vêm a ser isso?".
Bom, ladies first.
O Golem do livro é uma mulher e esta é a parte da história inspirada na mitologia judaica. De acordo com a lenda, golens são seres feitos de barro e trazidos à vida para servir a um mestre, que também tem o poder de destruí-los, quando necessário. Estes seres também têm uma força imensa e, como são feitos para servir, conseguem detectar os desejos de seu mestre.
A Golem do livro é feita na cidade de Konin, na antiga Prússia. Seu mestre a leva em uma viagem de navio até Nova York, mas acaba morrendo de apendicite antes de chegar a seu destino e apenas alguns momentos após ter trazido sua mulher de barro à vida. Ela então chega a essa terra desconhecida sozinha e sem saber nada sobre o mundo, onde é acolhida por um rabino bondoso, o único que percebe sua natureza diferente. Ele lhe dá o nome de Chava e ela começa a viver em um bairro judaico. Por não ter mais um mestre, a Golem passa a sentir os pensamentos e desejos de todos próximos a ela, o que a atormenta e a faz refletir muito sobre as pessoas.
Já o Gênio é aquele personagem mais conhecido, o famoso "gênio da lâmpada", presente na mitologia árabe. Nessa história, no entanto, ele não realiza pedidos. É apenas um Djinn, ser feito de fogo, que entre suas habilidades, consegue assumir a forma de vento, de animais diversos e de homem, além de penetrar nos sonhos das pessoas quando assim deseja.
O Djinn da história passou mil anos preso dentro de um vaso de cobre, usado para guardar azeite. Ele consegue se libertar do vaso, quando sua dona (que nem sabe da existência do gênio) leva a peça a um latoeiro, para concertar seus amassados. E então, ao trabalhar nos entalhes do metal, o latoeiro faz aparecer um homem alto e lindo (no meu próximo aniversário, me deem vasos e lâmpadas, por favor! hehehehe).
O que descobrimos é que embora liberto do vaso, o gênio continua, de certa forma, aprisionado, pois carrega um bracelete inquebrantável que o obriga a ficar sempre na forma humana. Sua única habilidade preservada é o poder de aquecer. Para integrá-lo à sociedade, o latoeiro que o libertou lhe dá um emprego de assistente e o sugere o nome Ahmad. Assim, o Gênio passa a viver em um bairro conhecido como Pequena Síria.
As histórias da Golem e do Gênio são contadas separadamente, intercaladas com outras, referentes a personagens envolvidos com eles. Num determinado momento da trama, em uma noite fria e triste, seus caminhos se cruzam. E a partir daí.... se você se interessou, compre o livro e descubra #semspoilers 😉
O que tem de melhor na história?
O que a Golem e o Gênio têm em comum é exatamente o que torna a história interessante: eles são diferentes, uma espécie de aliens nesse mundo normal. Na minha opinião, o prazer que esses personagens oferecem para nós é exatamente aquele mesmo prazer que a gente sente quando conhece alguém que não faz parte do "nosso mundo" (entenda isso como for: cultura, costumes, estilo de vida). Ou seja, a gente se diverte com a forma como olham e tentam compreender as pessoas e seu modo de vida, assim como seus conflitos internos para se adaptarem e parecerem um de nós, escondendo suas verdadeiras naturezas.