Teorias sobre encontrar alguém
Tem gente que acredita que quando encontramos o amor verdadeiro, sabemos na hora. Não da mesma forma como sabemos qual é a raiz quadrada de 49, coisa que aprendemos usando a nossa capacidade de raciocinar. Não é isso. Mas um saber que não passa pelas etapas de entendimento. Como se você não precisasse fazer a conta, pra ter certeza do resultado. Ou ainda, como se resolvêssemos essa equação usando coisa diferente da razão e, desta forma, seu cérebro fosse pouco útil numa tarefa que é especialidade da alma.
E, para algumas pessoas, a gente sabe que acontece assim mesmo.
Mas tem gente que acha que isso é coisa de adolescente ingênuo, ou adulto carente. E que o amor é, sim, algo que precisa ser entendido por nós. Na maior parte das vezes, aos poucos, conforme conhecemos o outro e identificamos nele aquilo que é compatível com nossos valores, nossas preferências e, de forma geral, com nosso ideal de felicidade. Ficar com o parceiro errado, nesse caso, seria pura falta de sensatez. Com o certo, enxergá-lo à luz da razão. O amor, que é sentimento, floresceria depois de muito entendimento.
E, para algumas pessoas, a gente sabe que acontece assim mesmo.
Mas tem gente que acha que isso é limitante demais, além de improdutivo. Pra que ficar esperando o amor por uma determinada pessoa nascer, se há tanta gente, por quem você poderia se apaixonar, circulando por aí? A busca pelo amor é coisa pra gente trabalhadora e esforçada. Afinal, antes de haver um grande acerto, há muita tentativa e erro. Estatisticamente falando, a lógica seria a seguinte: a probabilidade de sucesso aumenta de acordo com o seu empenho. Assim, com uma vida social planejada estrategicamente, muita disposição e perseverança, o amor, uma hora, chega.
E, para algumas pessoas, a gente sabe que acontece assim mesmo.
Mas tem gente que acha que isso também é balela. Que você pode rodar o mundo inteirinho e não ter a felicidade de se apaixonar por ninguém. Porque o amor é sorte, é loteria, é aquela coisa de estar no lugar certo, na hora certa. Tipo aquela pessoa, que nunca sai de casa e começa a namorar alguém que conheceu na fila do supermercado, enquanto você planejava a milésima balada do ano e continuava solteira. Ou aquele jogador que ganhou na mega-sena acumulada com um bilhete só, enquanto você concorria com 20 jogos pra ter mais chances de ser sorteada.
Pode parecer injusto, mas, para algumas pessoas, a gente sabe que acontece assim mesmo.
E ainda tem aqueles que já acreditaram em cada uma dessas coisas, mas acabaram desistindo de todas elas. Chegaram à conclusão que, para encontrar o amor, precisam de um verdadeiro milagre. E então o amor passa a ser questão de fé sincera, onde se espera por um empurrãozinho divino para que tudo finalmente aconteça. Bem, vamos rezar por esses.
E quem de nós pode garantir que, para algumas pessoas, não aconteça assim mesmo?
Talvez não exista uma única maneira de conhecer o amor. Por melhor que seja a sua teoria sobre ele (e por mais sentido que ela possa fazer pra você) essa conquista não parece ser diferente de nenhuma outra: não há uma fórmula mágica que funcione pra todo mundo.
A gente já sabe, por experiência, que cada um de nós percorre uma jornada com oportunidades e obstáculos muito particulares. É assim que a vida nos testa e nos ensina. Então, talvez seja por isso também que o amor aconteça de maneiras tão variadas. Porque em cada uma delas há algo diferente que a gente precisa aprender sobre ele e sobre nós mesmos.
Eu mesma ainda não encontrei esse amor. Portanto, não tenho nenhum conselho pra dar. Mas acho que quando ele resolve passar por nossas vidas, não deve querer caber em nossas convicções bobas. Talvez, tudo o que ele precise é que estejamos dispostos a amar. O resto, é ele quem vai dizer.
Que o amor seja mais forte do que nós e o nosso não-saber. Que o amor nos vença sempre.