Realidade vs Expectativa
Eu me alieno muito. De tudo e de todos. Existe um mundo de verdade, aquele no qual as pessoas habitam e as coisas práticas acontecem. E existe um mundo paralelo, que é meu, só meu. Nele acontece tudo o que a vida deixou de me oferecer. E tudo o que eu não tive a capacidade de conquistar. Nele mora toda a minha verdade, os meus desejos e meus fetiches. O que confesso e o que não confesso.
Não é todo mundo que eu deixo fazer parte desse mundo, meu pensamento exclui muitas pessoas dele. Assim como dá boas-vindas a aqueles que mais amo, e também a aqueles com os quais não convivo, mas adoraria conhecer, pra poder sentar e bater um papo interessante, ou até para cometer algumas loucuras. Porque a companhia certa é o segredo do sucesso da loucura bem cometida.
Eu entro e saio desse mundo conforme aumenta ou abaixa o grau de chatice no ambiente. Toda vez que um assunto que não me interessa começa a se prolongar, meu cérebro automaticamente se desconecta da verdade verdadeira e devaneia pela verdade mentirosa da minha fantasia. É uma espécie de mecanismo de auto-defesa, é meu instinto de sobrevivência. É uma recusa a não-vida que insiste em me rodear com certa frequência. É a minha boia salva-vidas.
É por isso que todo mundo diz que eu vivo no mundo da lua. Não, eu vivo no mundo de Sâmia. Eu criei o meu reino particular. E antes de você começar a me considerar uma louca de pedra, eu devo dizer:
1. Eu duvido que você não faça isso nem um pouquinho que for
2. Eu entendo a sua vergonha em admitir isso
3. I don’t give a shit, anyway
Não, eu não sou louca. Sou apenas um pouco imaginativa demais. Acho até saudável.
Afinal de contas, a chatice é que é uma doença e a falta de criatividade, uma lástima. O passar dos anos...bem, isso me deprime um pouco.
Nos meus sonhos mais delirantes, imagino que o meu mundo paralelo declara guerra a verdade verdadeira. E, depois de muita briga, ele consegue romper aquele fio que separa a realidade da expectativa e invade o mundo de cá. Dá um golpe de Estado no mundo real. Assume o poder. Decreta que é proibido viver sem intensidade. Sem calor, loucura e arrepio.
Ousadia é a minha nova palavra favorita. Praticá-la, meu novo desafio. Passo a passo, vou saindo dessa lama paralisante que segura meus pés. Estou, oficialmente, em guerra com o excesso de bom senso.
Apoio sua guerra! Nao ao bom senso! Amo a ousadia 😉