Sobre a sorte...
Hoje é sexta-feira 13 e eu nem sabia. Não tinha reparado não.
Não tinha parado pra pensar que dia era hoje quando, impulsivamente, resolvi queimar todas as orações que eu guardava, de uns 10 anos pra cá, escritas por mim e cheias de pedidos. Sim, eu fiz isso. Logo depois de reler tudo, me divertindo um pouco comigo mesma, e de pensar, inevitavelmente, sobre a minha sorte. Ou falta dela.
Quando me dei conta da data, fiquei um pouco grilada com a coincidência bizarra, mas depois passou. Em algumas filosofias, 13 não é esse número amaldiçoado, que todos devem temer, e sim um símbolo de transformação. Uma morte que leva a um novo começo, como no arcano do tarô. Bom... prefiro ficar com essa teoria.
Tudo bem, mas por que queimar? Sei lá, porque sim. Nem entendi ainda porque decidi fazer isso. Acho que porque queria mesmo renovar tudo. Até os meus pedidos. Resetar minha fé, fazendo um esforço - novinho em folha - para crer.
Porque carregar o passado é pesado. E carregar as expectativas que tínhamos talvez seja também. Decidi, então, apenas agradecer pelos pedidos atendidos e não quis saber de lamentar os que ainda não realizei. O que importa é o daqui pra frente.
Persegui tanto a boa sorte, ao longo da minha vida, que nunca dispensei nenhuma tradição de fé, ou ritual meramente supersticioso que cruzasse o meu caminho, fosse da cultura que fosse. Bobo, ou sério.
Em minhas viagens pelo mundo, joguei moedas em fontes, fiz pedidos embaixo de pontes, bebi águas bentas e amarrei fitas brancas em locais sagrados. Na Irlanda, capital da superstição, me superei: fiquei pendurada de cabeça pra baixo, no alto de um castelo, pra beijar uma pedra que prometia sorte eterna. Subi e desci uma "Escadaria dos Desejos", de olhos fechados e - tcharan! - de costas também, só pra ter meus pedidos garantidos. Provavelmente, minha maior prova de sorte, nesse caso, foi não ter tomado um baita capote e rolado escadaria abaixo...
Fiz essas coisas over and over.
Hoje, dou risada. Afinal, as histórias são ótimas. Mas de nada adianta fazer o que for, se a gente não consegue acreditar de verdade na nossa capacidade de atingir o que se quer. Jogar uma moedinha numa fonte é fácil. Vencer uma visão de futuro, cheia de dúvidas, pessimismos e medos, é que é o maior desafio. É esse o maior exercício de fé e o mais capaz de melhorar a sorte de alguém.